domingo, 24 de julho de 2011

捕り物三道具 TORIMONO SANDÔGU

Da esquerda para direita: Sode Garami, Sasumata e Tsukubô.
Torimono Sandôgu (捕り物三道具) significa: "Três Ferramentas de Apreensão". As Três Ferramentas são:
  • 袖搦 - Sode Garami.
  • 突棒 - Tsukubô.
  • 刺股 - Sasumata.
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Sode Garami (袖搦) significa "Enroscar, Envolver a Manga" e foi usado, como o nome implica, para enroscar nas mangas e roupas de um indivíduo. Historicamente, media geralmente em torno de 2 metros de comprimento, com múltiplos ganchos farpados em uma extremidade. A extremidade muitas vezes tinha pontas de metal e várias farpas. O bastão era muitas vezes de madeira resistente, reforçada com ferro. Pequenos pontas ou outras saliências podiam ser encontrados ao longo do bastão,Isso poderia ser feito para conter o indivíduo, que poderia então ser mais facilmente desarmado ou detido. Possuía espinhos e farpas ao longo do comprimento para impedir o criminoso de agarrar facilmente e arrancar o implemento para se soltar do policial que o prendeu. Juntamente com o Sasumata (刺股) e o Tsukubô (突棒) é um dos três Torimono Sandôgu (捕り物三道具) da polícia da época Edo. Sua principal função era não matar o adversário.

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Tsukubô (突棒) significa "Barra de Choque, Colisão", historicamente, media geralmente em torno de 2 metros de comprimento, com uma extremidade em forma de T. A extremidade muitas vezes tinha pontas de metal e várias farpas. O bastão era muitas vezes de madeira resistente, reforçada com ferro. Pequenos pontas ou outras saliências podiam ser encontrados ao longo do bastão, semelhante ao Sode Garami, melhorando a sua capacidade de prender membros e armas, como um Sasumata. A extremidade oposta da arma, muitas vezes tinha uma tampa de metal, ou Ishizuki como os encontrados em Naginata e em outros tipos de bastões. É provável que tenham sido utilizados pelos agricultores como armas improvisadas, quando necessário. Tinha a mesma função do Sode Garami.

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Apoio de Kotô.
Sasumata (刺股) significa "Forquilha com Espinhos", é um capturador de homens e ferramenta de combate a incêndios. Historicamente, media em torno de 2 metros de comprimento, com uma extremidade em forma de U. Esta extremidade é semelhante a um apoio de Kotô, por isso, é às vezes chamado de Kotojibô. O bastão, assim como o Sode Garami e Tsukubô, é muitas vezes de madeira resistente, reforçado com ferro. Pequenas pontas ou outras saliências podem ser encontrados ao longo do  bastão, semelhante ao Tsukubô e Sode Garami, usado tanto para combate a incêndio e pela polícia.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

忍者 NINJA

Ninja (忍者) ou Shinobi (忍び - しのび) como às vezes são conhecidos, dificilmente precisa de alguma apresentação - eles teriam que estar entre as associações mais fortes do Japão É fácil perceber porquê, enquanto houve um meio para eles, estas figuras sombrias foram rondando nossas telas, livros, quadrinhos, videogames e imaginação. Eles podem ser assassinos sem rosto, figuras de diversão ou anti-heróis considerados individualmente diante de corrupção. Sempre eles são lutadores qualificados, mas às vezes eles beiram em ser super-heróis cheios de poderes ou feiticeiros. A questão é o quanto do folclore Ninja (忍者) é real e o quanto é pura fantasia, talvez ele poderia surpreendê-lo acima de tudo.
Em um sentido geral, o papel do Ninja no Japão feudal foi melhor descrito como espiões ou agentes secretos, espionagem, sabotagem e assassinato.

Os dois maiores clãs Ninja (忍者) eram conhecidos como Iga (伊賀 - いが) e Koga (甲賀 - こうが), em homenagem as regiões que foram baseadas em dias modernos a Província de Mie (三重県 - みえけん - Mie Ken) e Província de Shiga (滋賀県 - しがけん - Shiga Ken), respectivamente.
Historicamente, eles parecem ser visto como uma comparação do Samurai (侍 - さむ らい), os soldados que seguiam um código conhecido como Bushidô (武士道 - ぶし どう - "o caminho do guerreiro"), o que ditou o que era considerado justo e honrado na vida e morte.
Iga (伊 贺) e Koga (甲 贺) Ninja (忍者) não tinham tais reservas - eles faziam o que fosse necessário para fazer o trabalho de forma rápida e discreta, como veremos. Também ao contrário do Samurai (侍), que nasceram na classe guerreira maior, os Shinobi (忍び) eram trabalhadores e agricultores, o que explica muito mais sobre seus estilos de vida, treinamento e equipamento que você possa imaginar.

 
ESTILO DE VIDA NINJA

HIGIENE E DIETA

Desnecessário dizer que a chave para essa linha de trabalho foi escapar da detecção.
Um monte de pensamento foi dedicado a como evitar ser visto e ouvido, mas não tanto quanto sentir o cheiro. A importância deste não passou despercebido pelo Ninja (忍者) - o menor odor ou cheiro que fosse sentido poderia significar morte certa.
Por esta razão, eles foram talvez as pessoas mais higiênicas do Japão feudal, eles lavavam suas roupas muito regularmente.
Evitavam comer carne pela mesma razão, acreditando que isso lhes dariam um odor corporal detectável.

Sua dieta consistia de Tofu (豆腐 - と うふ), grãos e Yasai (野菜 - やさい - legumes). Esta dieta tinha a vantagem adicional de controlar o seu peso para quando eles precisasem se espremer em um local apertado ou puxar-se para cima. Viver como um agricultor fez com que o Ninja (忍者) pudesse colher seus próprios alimentos e cultivar ervas medicinais para uso em missões sem chamar a atenção indevida.


CASAS 

Surpreendentemente, as casas Ninja são uma parte da história que não tenha sido muito exagerada, pois elas contêm, de fato, túneis secretos, paredes falsas e armadilhas para os invasores.
Presumivelmente, o Ninja (忍者) esperava uma ocasional emboscada, porque ainda há exemplos de trabalho em construções projetadas para ajudar a combatê-los.

Donden Kaeshi (どんでん返し - どん でん かえし - portas giratórias), por exemplo, estavam escondidas nas paredes no caso se o Ninja desejasse desaparecer rapidamente. Eles foram instaladas em paredes falsas com pivôs que poderiam ser giradas livremente.

A habilidade na sua utilização é para girar a parede com precisão suficiente para ter certeza que é completamente liberado e que você não estará lá quando o inimigo entrar. Através do uso rápido de Donden Kaeshi (どんでん返し), o Ninja (忍者) poderia desaparecer antes que os atacantes estejam dentro da casa, permitindo algum tempo para escapar ou planejar um contra-ataque. Este último era especialmente eficaz por de Keikai No Ba (警戒の場 - けいかいのば - postos de observação ocultos), que eram quartos escuros que oferecia uma boa visão da sala por cima.

Algumas passagens particularmente ultrajante ocultas ou escadas poderiam até mesmo levar para fora, permitindo que o Ninja (忍者) saísse de um poço vazio ou quando fossem muitos adversários para lidar.

Mais comumente, Shikake To (しかけ 戸 - しかけ と - portas truque) se pareciam como meio painéis na parede, mas destacavam duplas travas que só poderiam serem soltas com pedaços de papel. Se o Ninja (忍者) destravasse ambas simultaneamente, o painel aparentemente sólido se abriria e permitiria escapar para a noite.
Caso o Ninja (忍者) decide ficar e lutar, havia uma abundância de opções disponíveis.

Mono Kakushi (物 隠し - (もの かくし - espaços de objetos escondidos) eram locais abaixo do piso, que só poderiam serem abertos se o Fusuma (袄 - ふす ま - telas deslizantes) fossem abertas em um certo ritmo, o batente direito da porta era removido, os painéis do piso poderiam ser virado para cima e suprimentos e documentos importantes poderiam ser armazenados por baixo da areia. Da mesma forma, se você tivesse o azar de cruzar um Ninja (忍者) sob um Kataná Kakushi (刀隠し - かたなかくし - espaço oculto para espada), ele seria capaz de pisar no piso certo e no lugar certo, a espada saltaria para cima e você teria uma Kataná (刀 - かた な) em sua garganta antes que você pudesse reagir.

Os dois lados jogavam este jogo, é claro - há uma abundância de residências para se proteger dos Ninja (忍者) também.
Na maior parte, as armadilhas eram simples, mas inteligente, como cantos cegos, pisos irregulares destinados a passagem de intrusos e escadarias que levavam a lugar nenhum.
Ocasionalmente, as coisas eram feitas com um pouco mais "talento", embora, como em Nijoujou (二条 城 - に じょうじ ょう - Castelo Nijou), em Kyoto (京都 - きょう と). Com seus estridentes "pisos rouxinol" e quartos ocultos cheios de Samurai (侍), eu não consigo imaginar muitos Ninja (忍者) tendo sucesso.


TREINAMENTO NINJA

Os Ninja foram mais do que apenas guerreiros, a natureza de seu trabalho era extremamente exigente e era necessário o domínio de uma série de competências diversas. Eles foram realmente polivalentes e originais em tudo, eles precisavam estar familiarizado com uma enorme variedade de disciplinas, incluindo psicologia, medicina, química e astronomia. As missões exigiam uma enorme quantidade de preparação e o Ninja (忍者) precisava ser auto-suficiente do início ao fim; isto requeria extensiva habilidade física, mental e sobrevivência.


HABILIDADES FÍSICAS

Os Ninja precisavam ser extremamente fortes e resistentes a fim de que tivessem a energia necessária para concluir as longas missões. Além do seu treinamento em Artes Marciais iniciado no início da infância, eles também treinavam até que fossem capazes de levantar um fardo de 60Kg de arroz somente com os dedos polegar e indicador. Se pudessem fazer isso, eles poderiam suspender seu próprio peso corporal em qualquer posição; desnecessário dizer, eles eram muito fortes para seu pequeno tamanho. Eles também eram treinados em vários métodos de movimentação silenciosa, na verdade, Ninja significa literalmente "pessoa furtiva". Sem dúvida, o mais estranho deles é chamado Shinsou Toho Aruki (深草 兎 歩き - しんそう とほ あるき), que significa "coelho caminhando na grama profunda". Isto envolve em segurar seus pés com as mãos e andar sobre as costas de suas mãos, que deve ser muito eficaz para o quão difícil possa parecer. Dizem que é uma técnica "top secret".


HABILIDADES MENTAIS

Os Ninja foram muitas vezes obrigados a fornecer informações e tê-la escrito em uma carta significava que ela que poderia facilmente cair em mãos erradas. A única maneira de ter certeza que os segredos seriam entregues para a pessoa certa era memorizá-los e fazer a entrega pessoalmente, uma excelente memória era necessária. O Ninja usaria mnemônicos para ajudá-los a reter a informação, fazendo associações com partes do corpo ou comida. Se a informação particularmente delicada precisava ser mantida, o Ninja, às vezes, até mesmo se machucaria para forçar a memória ou tentar lembrar detalhes. Isto deve dar alguma indicação de quão seriamente o treinamento da memória e associações mentais foram tomadas.

No caso de mensagens terem que ser passadas não verbalmente, Os Ninja também tinham numerosos códigos secretos envolvendo arroz coloridos, sinais de mãos, caracteres secretos e até mesmo cordas com nós que poderiam ser penduradas visivelmente para passar informações a alguém que as conhecem. Eles também estudaram a psicologia humana e os padrões de sono, para ter certeza de que poderiam reconhecer quando o seu alvo potencial estava dormindo mais profundamente pelo som da sua respiração. Em cima de tudo isso, eles foram bem treinados em química, capaz de fazer pólvora, explosivos e venenos para continuar a ajudá-los em seu trabalho.


HABILIDADES DE SOBREVIVÊNCIA


A vida dupla de um Ninja ajudou significativamente na preparação para missões perigosas, pela simples razão de que eles poderiam colher ervas medicinais sem ninguém suspeitar. Os Ninja eram muito familiarizados com a medicina e capaz de tratar lesões e doenças, que era uma parte essencial ao trabalhar sozinho. Eles criaram um hábito de dormir virado para seu lado esquerdo para proteger o coração, caso eles fossem atacados durante a noite, dormir silenciosamente e levemente para se certificar de que eles teriam a chance de se defender, se necessário. Eles também tiveram um grande interesse em astronomia para ajudar a navegar, ler fases da lua para calcular a noite ideal para atacar e prever os padrões climáticos para saber se a natureza estava do lado deles durante a missão. Quando você é uma equipe de um homem só, vale a pena ser muito bom em tudo.


EQUIPAMENTO NINJA

SHINOBI SHOZOKU 忍び 装束 (ver mais)

Ao contrário do que se poderia esperar, há pouca evidência de que realmente o Ninja (忍者) se vestia de preto. Mesmo de noite, o preto se destaca por isso não iria cumprir o seu propósito muito bem. O azul marinho era muito melhor para camuflar a noite, era comum os agricultores de Iga (伊 贺) usarem roupas azul-marinho que ajudava o Ninja (忍者) a se misturar de dia também. O Shinobi Shozoku (忍び装束 - しのびし ょうぞく), ou roupa tradicional Shinobi (忍び) permitia ao Ninja (忍者) a desaparecer entre a comunidade e carregar ferramentas agrícolas úteis, sem qualquer suspeita. O Shinobi Shozoku (忍び 装束) tinha a vantagem adicional de ser muito largo, ou seja, as lâminas poderiam ser escondidas na gola e chapas de bronze ou de ferro poderia ser escondida no peito para proteger o coração.

O Shinobi Shozoku (忍び 装束) era também reversíveis para permitir mudanças rápidas de vestuário. Havia vários agrafos no guarda-roupa do Ninja (忍者), conhecido como Shichihoude (七方出 - しちほうで) ou sete disfarces Ninja; sacerdote budista, sacerdote viajante, padre noviço, comerciante, acrobata, músico de rua e roupa regular (agricultor ou guerreiro). Uma vez que havia ocultado sua identidade de forma adequada, o Ninja (忍者) poderia passar entre as cidades, sem perseguições, a maioria dos disfarces significava que eles podiam esconder completamente seus rostos ou carregar armas sem levantar qualquer suspeita. Em viagem, eles usavam Waraji (草鞋 - わらじ - sandálias de palha), que eram agradáveis e leves e poderiam ser equipadas com pontas para ajudar a subir ladeiras íngremes ou na neve. Para fazer infiltrações, eles usavam Tabi (足袋 - たび - meias) com sola de algodão, ideal para se mover silenciosamente dentro das casas.


FERRAMENTAS

Embora seja divertido imaginar o Ninja andando com facas de bolso e um monte de equipamentos especializados, a realidade é que ninguém é tolo o suficiente para ser tão óbvio. Como o vestuário, as ferramentas do comércio tiveram que ser tão discreto possível, quase tudo que o Ninja carregava era uma ferramenta agrícola reaproveitada.
Kunai (苦无 - くない) eram instrumentos comuns de escavação usado para o plantio, mas nas mãos de um Ninja capaz, poderiam ser usadas como facas ou apunhalando paredes para apoiar para escaladas. Da mesma forma, o regular Kugi (钉 - くぎ - pregos), quando não eram usados ao redor da fazenda, poderiam ser encaixados entre as rochas para fornecer pontos de apoio para a escalada.

Kama (镰 - かま - foices), quando não usadas para cortar as ervas daninhas, podiam ser usadas para ajudar a escalar, cortar cordas ou amarradas como um gancho improvisado.

Da mesma forma, a Kaginawa (钩縄 - かぎなわ - corda com gancho), enquanto que quase sempre mostrado ajudando o Ninja a escalar paredes, foi originalmente projetada para recuperar as coisas caíam em poços. Shikorô (錣 - しころ - serra) poderia ser usada para cortar cadeados e Tsubori (坪锥 - つぼぎり - verrumas) para furar cercas e muros, se havia alguém do outro lado valia a pena ficar de olho. Como você pode imaginar, a posse de todos esses objetos poderiam ser justificadas e o Ninja poderia ser capaz de continuar seu caminho sem problemas desnecessários.

Houve algumas exceções ultrajantes, é claro - Mizugumo (水蜘蛛 - みず ぐも - literalmente: "aranha d´água"), por exemplo, eram enormes "sapatos de lama" para ajudar na travessia de fossos pantanosos. Água poderia ser facilmente nadada, em fossos secos poderiam ser escalados por toda a noite sem muitos problemas, mas castelos protegidos por pântanos naturais representava mais de um problema. O Mizugumo distribuía o peso do Ninja através de uma área mais ampla para que ele pudesse atravessar o pântano. Isso provavelmente deu origem ao equívoco de que o Ninja poderia andar sobre a água; "andar na lama" provavelmente não parecia impressionante o suficiente para quem começou o boato. 


ARMAS

Para a maior parte, as armas Ninja que conhecemos e amamos passam longe da realidade, então podemos supor que a maioria dos combates teria sido feito com algumas de suas ferramentas existentes; Kaginawa (钩縄) foram utilizadas para lançar nos adversários e os amarrarem, a Kunai (苦无) poderia ser lançada e a Kama (镰) foram muitas vezes utilizadas para envio de pessoas querendo saber o que aconteceu com o agricultor que estavam apenas falando. Um monte de armas Ninja mais conhecidas eram muito mais difíceis de esconder, de modo que provavelmente teriam sido usadas apenas em situações específicas. Estas incluem espadas, projéteis, como a Shuriken (手里剣 - しゅりけん - Lâminas de Arremesso), armas de fogo e explosivos.

A Shinobi Gataná ou Ninja-To (忍び 刀 - しのび がた な - espada Ninja) era a espada de maior escolha pela maioria. Ao contrário da Kataná Samurai, a Shinobi Gataná era de lâmina curta, projetada mais para apunhalar ao invés de cortar. Muitas vezes tinha um Sageo (corda) maior amarrado em sua bainha de modo que pudesse ser usado como um auxiliar de escalada, a espada seria colocada no chão e usada como um apoio, em seguida, recuperada. (ver mais)

Para assassinato de longo alcance, o Ninja tinha uma variedade de projéteis. Fukiyazutsu (吹き矢筒 - ふきやづつ - zarabatana) foram usadas para atirar silenciosamente dardos envenenados em suas vítimas. A fim de evitar a detecção, elas eram muitas vezes disfarçadas de flautas, forrada por dentro com papel para bloquear os orifícios. Dizem que esta era uma arma particularmente popular entre as Kunoichi (くノ一 - くのいち - mulher Ninja).

A Shuriken é a melhor arma de assassinato conhecida, com uma variedade de formas disponíveis.

Como a Fukiyazutsu, foi muitas vezes utilizada com veneno para aumentar sua eficácia. Infelizmente, a imagem do Ninja lançando centenas de Shuriken é uma ficção total, tanto do ponto de vista físico como prático. Cada Shuriken pesava entre 100 e 200 gramas, portanto transportar ou lançar mais do que algumas dezenas, teria sido impossível. Mesmo fosse visto com apenas uma, o portador seria identificado como um Ninja imediatamente, por isso era usado mais como um último recurso que a solução para cada problema.

Isso não quer dizer que sua reputação é totalmente não merecida - quando lançada corretamente, a Shuriken pode ser espetada profundamente na madeira e um bom arremesso significaria morte certa.


Caso isso não fosse terrível o suficiente, elas poderiam ser misturadas com pólvora e um pavio para criar a Higurumaken (火车検 - ひぐるまけん - Shuriken incendiária). Numa época em que tudo era feito de papel e madeira, o fogo teria sido uma arma muito eficaz física e psicologicamente.


Isso nos leva a explosivos e armas de fogo. Os Ninja usavam rifles, bombas e até canhões para fazer o trabalho. Com um profundo conhecimento de explosivos, foi possível alcançar uma variedade de efeitos, na maioria das vezes para distrair os inimigos com um ruído alto ou nuvem de fumaça no momento vital. Enquanto que o Ninja exatamente desaparecia no ar, eles poderiam causar efeito impressionante de escapes com algum sincronismo inteligente e equipamentos.

Finalmente, se as distrações  falhassem e o Ninja se encontrasse perseguido, era hora de usar o Makibishi (まきびし - espinhos). Estes eram pontas de ferro, madeira ou sementes de plantas naturais que poderiam ser espalhadas em caminhos estreitos para retardar ou ferir inimigos que o perseguem. Se tudo desse errado, o Ninja iria viver para lutar outro dia e os guardas teriam que voltar mancando para explicar a incapacidade de alcançá-lo.

Então, como você pode ver, enquanto o Ninja não era feiticeiro, capaz de se tornar invisível, andar sobre a água, cavalgar dragões, eles foram extremamente bem preparados, com surpreendente habilidade mental e física. Sob o manto da noite com algumas acrobacias bem colocadas, ciência e conhecimento íntimo da mente humana, não é difícil imaginar como eles pareciam beirar com o sobrenatural. Na verdade, o Ninja adorava espalhar rumores.
É muito mais fácil direcionar de forma errada e aterrorizar alguém que está convencido de que seu inimigo é sobre-humano; as lendas provavelmente ajudaram a atingir o inatingível. Para melhor ou pior, mas também para fazer alguns filmes!
NOTA:
Os Ninja eram desprezados pela maioria como covardes e sem honra, no entanto, eles obedeciam rigorosos códigos e suportavam duros treinamentos, eles arriscavam a vida para se infiltrarem nas posições inimigas por causa de seus mestres. Eles não tinham muita opção, mas arriscavam suas vidas para viver, porque as terras de Iga e Koga não tinham solo fértil, mas mesmo assim, vocês podem se perguntar: Por quê?
Talvez tivessem uma interpretação da vida como a seguinte: 

O valor de um homem não deve ser medido por dinheiro ou fama, mas por quanto ele preza a família e amigos.

Talvez as regras rigorosas surgiram naturalmente no processo de proteger suas famílias e amigos. Como eles conheciam a ameaça da guerra, tentaram minimizar o sofrimento roubando informações, de modo a  evitar ou retardar a guerra.
Se você enxergá-los dessa forma, a manobra secreta pode parecer romântica.

O Ninja nos atrai por causa de sua existência assustadora e sinistra, juntamente com o resistente e racional método de luta. O Ninja treinava diariamente, treinava a resistir fisicamente, mentalmente e emocionalmente.
"O Ninja é bela cultura japonesa tradicional e o espírito deve ser transmitido à posteridade."

Galleni Junior

segunda-feira, 4 de julho de 2011

ALGUMAS PALAVRAS DE HATSUMI SENSEI... (2005)

"Eu me levanto quando eu acordo, embora eu não sou muito de acordar muito cedo, como eu tendo a trabalhar durante a noite. Eu não sei que horas eu vou para a cama ou acordo todos os dias, porque, como um Ninja, eu tenho o hábito de nunca ter qualquer tipo de rotina. É ruim ter um padrão para a sua vida, porque os três meios mais fáceis para matar um homem é quando ele está no banheiro, quando ele está na cama ou quando ele está comendo. Ninguém vai me pegar dormindo ou sonolento, como tenho treinado toda a minha vida para estar alerta. Baixar a guarda é equivalente ao suicídio.

Eu sempre começo o dia com a mesma refeição, uma mistura de arroz integral, Tofu, feijão vermelho e cogumelos juntos. Eu também bebo chá japonês, feito especialmente para mim. Após café da manhã eu vou fazer o que eu quero, mas não o que eu fiz ontem. Talvez eu vou escrever para uma revista ou trabalhar em uma de minhas pinturas. Minhas pinturas a óleo têm sido exibidas em Manchester e Washington. Ou eu poderia dar um passeio por duas ou três horas com meus cinco cachorros borzoi, o único exercício que faço agora.

Eu tenho feito Artes Marciais desde que eu era um menino, embora tenha sido muito mais profundo do que o tipo de treinamento físico que a maioria das pessoas iriam entender. É a maneira como você vive sua vida. Eu não faço flexões agora que eu estou com 73 anos, embora eu não tenho o corpo de um homem de 73 anos de idade. Não é sobre a técnica, é sobre a vida. Qualquer um pode tirar fotografias, mas somente alguns podem ser descritos como "arte". E assim como o mundo precisa de escultores e artistas, as Artes Marciais são igualmente importantes. Eu nunca "me tornei" um Ninja. Eu sempre fui e fui sempre eu. Tive uma infância difícil: meu pai costumava beber e era violento, então eu tinha que proteger minha família. Eu cresci na pós-guerra do Japão, quando foi proibido praticar qualquer Arte Marcial com exceção do Judô, Karatê e Kendô.

Eu me tornei um instrutor e na década de 1960 eu comecei a ensinar em bases militares dos EUA. Eu rapidamente aprendi que essas disciplinas não funcionavam muito bem se o seu adversário fosse muito maior e mais forte que você, assim comecei a estudar as Artes Marciais antigas e me tornei um estudante de Toshitsugu Takamatsu, o 33º grande mestre da Escola Ninja de Togakure. Quando ele morreu, em 1972, tornei-me o grande mestre.

Eu ensino três vezes por semana, quando estou no Japão, e eu sou frequentemente convidado para dar palestras e instruir ou no exterior. Eu ensinei em 50 países e tenho cartas de agradecimento de cinco presidentes dos EUA, Margaret Thatcher e Nelson Mandela. Eu tenho compartilhado minhas habilidades com o SAS e SBS, bem como a polícia e forças especiais em todo o mundo. Algumas pessoas na minha escola irão se recusar a dizer seus trabalhos se você perguntar a elas. Um acaba de retornar após seis meses do Afeganistão e do Iraque. Nós treinamos o uso de armas: lanças, corda, espadas, correntes, tudo é uma arma, até um pedaço de papel, qualquer coisa que não é nada. Eu sou um arsenal ambulante. Mas ser um Ninja é mais do que apenas o físico. É ensinar a consciência, o espírito. Você tem que desenvolver um sentimento de matar real, mas com a capacidade de não matar. Você tem que ter coragem de matar, mas também a capacidade física e espiritual e força para não matar, para dar ao seu adversário uma saída, um pretexto para voltar atrás. Na verdade, eu não lhes ensino nada. Eu mostro a eles como conduzir suas vidas. Cabe a eles agarrá-la ou não.

O que é um Ninja? O que é o tempo? Você está me pedindo para definir algo que, por sua natureza, não é compreendido. O Ninjutsu é baseado em engano, mas é muito mais do que isso. É o uso de armas e da arte do fingimento, mas há muito mais do que jogar estrelas e furtividade.

Um teste para os estudantes de alto nível eu realizo um corte com uma espada para baixo pelas costas e eles têm que sentir e rolar saindo do caminho. Eu tento levá-los para o nível quando agem sem saber porquê, de transcender o entendimento.

Existem muitas noções erradas em torno do Ninja. A maioria começou no século 14, e fomos colocados na mesma categoria como Samurais, homens  assalariados da Idade Média. Um Samurai estava disposto a morrer por seu senhor. Mas os Ninjas eram sempre independente do governo, e nós tivemos uma filosofia que tínhamos que viver por causa de nossas famílias. Acreditamos levar uma existência abençoada, mas quando se trata de nossas habilidades, nunca é demais ter uma má reputação. É parte do nosso poder, parte do nosso misticismo.

No final do dia, eu vou abrir a geladeira e pegar qualquer alimento que seja prático. Talvez eu pegue uma bebida, mas eu não sou um grande bebedor de cerveja ou sakê. Às vezes, temos alguns dos meus alunos para jantar, mas eu apenas dou a eles pouco tempo. Eu provavelmente vou levar os cães para passear de novo, mas quem sabe se isso será à 5:00 ou às 17:00? Eu tento escrever alguma coisa à noite, e eu estou completamente realizado como dançarino, ou assim eles dizem. Eu gosto de dança japonesa tradicional, bem como dança de salão, como eu sou bonita luz sobre os meus pés.

Quando eu sinto que é hora de ir para a cama, vou desenrolar o meu Futon e ir dormir rapidamente, mas muitas vezes eu sonho com meu mestre, Takamatsu, e os sonhos são geralmente assustadores, como se ele estivesse me atacando enquanto durmo. No primeiro dia que eu me tornei seu aprendiz, eu dormia em sua casa, de manhã ele me perguntava quantas vezes ele vinha para o meu quarto à noite e quantas vezes eu pensei que ele poderia ter me matado. Durante os próximos cinco anos eu nunca tive uma boa noite de sono, como eu ficava esperando o menor ruído. No final, eu tinha que perguntar a ele. Ele dizia que não tinha entrado em todas as noites, mas que eu tinha aprendido uma boa lição."

Tradução: Galleni Junior

segunda-feira, 13 de junho de 2011

守破離 SHUHARI

SHU: 守: しゅ: obedecer/protejer.

HA: 破: は: romper/modificar.

RI: 離: り: separar/superar.

É o termo em Artes Marciais japonesas que engloba o processo de aprendizagem e maestria de uma ou mais técnicas, obedecendo esta ordem: SHU, HA, RI.


É um termo antigo para denominar os diferentes níveis de aprendizado das técnicas.

A aprendizagem da técnica implica, em uma primeira fase um simples exercício de observação. É a partir dessa observação gestual, que o aluno reproduz e assimila. Essa assimilação da forma exterior do movimento. Esta etapa tem o nome de SHU. Palavra que tem sua origem em Mamaru, e significa proteger, observar uma regra.  

Na fase de SHU se pretende proteger a forma para conservar-la. É uma etapa onde se assimilam fisicamente as bases e fundamentos da arte. É a parte onde se estuda e memoriza os movimentos da forma. A reprodução do forma se limita a uma reprodução física. É um estudo elemental, que se denomina como Ushin (estado de pensamento presente), que expõe a primeira preocupação do aluno, aquele de reproduzir o que ele vê primeiramente. Entretanto é a mente que faz as técnicas. O estudante observa a técnica do Instrutor e a reproduz, adaptando-a a sua própria constituição física. É um estudo pela imitação ou cópia da forma exterior. Resulta da representação mental de uma imagem ou movimento. O Budoka tem uma representação mental da técnica base que vai executar. Quanto mais nítida for essa representação, mais possibilidades de que a execução seja perfeita. Esta representação é feita pela utilização da memória visual, tátil, auditiva, labiríntica e sinestésica ( capacidade de unir o corpo e a mente para atingir o aperfeiçoamento do desempenho físico. Começa com o controle dos movimentos automáticos e voluntários e avança para o uso do corpo de maneira altamente diferenciada e competente). Consiste em uma programação antecipada do ato motor. O córtex ou córtice cerebral (manto de tecido nervoso que cobre a superfície dos hemisférios cerebrais) é a base anatômica desta função. Uma imagem de movimento é transmitida para os centros nervosos adequados, região temporo-frontal (lóbulos cerebrais temporal e frontal). Em seguida se dá um impulso motor voluntário como uma transmissão de imagem para os nervos neurais, piramidais, corticais até os músculos, que realizarão as contrações musculares necessárias. Após a execução se faz uma regulação motora, onde ocorre uma tentativa permanente de adaptar a técnica à representação mental inicial. Esta primeira fase de aprendizagem da técnica é uma fase cognitiva (aquisição de conhecimentos). A compreensão do objetivo proposto e os componentes da tarefa motora constituem as principais preocupações do Budoka. Este terá que analisar a tarefa, decidir o que fazer, o que não fazer, quando fazer e selecionar as informações mais relevantes. É um estado onde o aluno aprende. A característica desta fase é uma quantidade enorme de erros que são cometidos na realização, pois o estudante tem dificuldade em perceber o que está errado e distinguir o que corrigir a fim de melhorar sua realização. A ajuda do Instrutor é indispensável para fornecer-lhe uma informação mais relevante para a realização da tarefa. O feedback (retrocedimento), ou qualquer informação anterior suplementar é importante nesta fase. O Budoka sente seu progresso e o domínio cada vez maior da técnica, assim como lhe foi demonstrado e assim como ele imita. Visto de outra maneira, é também uma fase em que o ego se exalta pelos evidentes progressos. No Budô, esta fase também é conhecida como nível Shoden, o nível básico de treinamento.

HA
破, significa destruir. É um princípio de interiorização do estudo por uma destruição da forma imitada. É uma busca do que há na forma. É uma etapa muito rica da técnica. Que consiste na destruição da forma. É uma etapa de estudo profundo de uma técnica, junto a um instrutor capacitado para ensinar, procurando o descobrimento de todos os seus segredos. Exteriormente poderá não haver diferença visível da execução da técnica, mas o trabalho mental é intenso, implica uma desconexão entre o movimento e a mente. É a fase de estudo e de compreensão da utilidade de cada movimento. Isto tem um significado cognitivo que é sentido fisicamente. Tem transcendência no progresso no estudo. Pois, a sensação física da execução de uma técnica perfeita e eficaz deve ser acompanhada de uma necessária compreensão intelectual. Assim se sente o que faz, sabe porque se faz e pode explicar a razão do que se faz. Este, é um estado de criação interior, último estado no plano técnico. Em termos psicomotores, esta segunda fase se caracteriza pelos aumentos de consistência e estabilidade na realização da tarefa motora. O número de erros tende a diminuir. Que revela que o Budoka se encontra neste nível. Este passa a ser capaz de determinar e corrigir os erros de sua realização. Os movimentos deixam de ser brutos e se tornam mais harmoniosos e fortes. Se observa uma redução de sincinesias (movimentos que se realizam de forma involuntária, ao contrair um grupo de músculos, ao realizar outro movimento sobre o que focamos nossa atenção.). O processo de aprendizagem implica frequentemente um controle de reflexos ou sua inibição. É um processo de dissociação de sincinesias, ou seja, inibir um passado motor inato ou adquirido. É feito de modo voluntário por ele mesmo. Para isolar a zona, tomando consciência da contração exagerada ou inadequada e reduzir a tenção. No Budô, esta fase é conhecida como nível Chuden, que é um nível intermediário de aprendizagem.

RI
離, corresponde a um estado de Mushin (perfeita liberdade de estado mental, sem pensamento, sem mente.), o espírito sem limites, significa separar, suprimir. Neste estado ocorre uma execução técnica no momento correto. A técnica flui sem reflexão prévia. Nesta fase o Budoka se esquece da forma porque se executa um ato conforme a técnica, uma vez é a técnica, uma vez faz a técnica. Nesta fase, os aspectos psicomotores, a independência de performance motoras relativas à necessidade de atenção consciente sobre a execução da tarefa caracteriza a terceira e última fase de aprendizagem, a fase autônoma. O sujeito domina e automatiza o movimento, então se libera para focar em outros aspectos relevantes, como uma crescente capacidade de antecipar a resposta em função de um determinado estímulo. A baixa frequência de erros é evidente e se manifesta em um elevado nível de resposta. No Budô, esta fase se denomina nível Okuden, o nível superior de treinamento, onde o ensinamento/aprendizagem se realiza de coração para coração (Kokoro No Kokoro), ou seja, diretamente do instrutor para o aluno, aqui, o instrutor transmite de forma verbal e através do sentimento, os ensinamentos.

SHU HA RI e
SHIN GI TAI, é o conjunto de espírito, caráter (Shin); de técnica (Gi); e dos elementos corporais (Tai), como uma posição, o movimento, uma energia física. Cada um destes elementos tem uma intensidade diferente em cada uma das etapas Shu Ha Ri. No primeiro estágio SHU, o dominante é Gi e/ou Tai. Neste estágio, um movimento, uma imitação do movimento, uma reprodução da forma mostrada, é essencialmente técnico e físico. O espírito se encontra em estado de Ushin (estado de pensamento presente). Na etapa HA, o estudo continua e ocorre através das sensações físicas, mas também através de uma compreensão cognitiva cada vez mais intensa. Seu predominante é todavia Gi ou Tai, ou ambos. Pois, o Budoka continua em estado de Ushin.

Na última etapa, RI e SHIN GI TAI, harmonizam e se fundem. O Budoka alcança um estado de Mushin (perfeita liberdade de estado mental, sem pensamento, sem mente). É possível a reação espontânea diante qualquer ataque, com eficácia absoluta do corpo e da técnica.

domingo, 1 de maio de 2011

忍び装束 SHINOBI SHOZOKU

As pessoas sempre imaginam que o Ninja era um guerreiro que sempre se vestia de preto da cabeça aos pés, e essa imagem não corresponde à realidade, pois o Ninja era um espião, por isso, utilizava vários outros disfarces.

Shinobi Shozoku
é o nome dado ao "uniforme" usado pelos guerreiros Ninja. O termo Shinobi Shozoku pode ser traduzido como "Traje de Ninja".

Geralmente era mais cabível se disfarçar usando roupas do dia-a-dia para se misturar com a população, sem chamar a atenção. Uma das características do Shinobi Shozoku são os vários compartimentos usados para ocultar armas e outros utensílios.

Cada família Ninja fazia seus próprios Shinobi Shozoku, com as modificações particulares que melhor achassem conveniente para o momento, para o tipo de missão e para a estação do ano.   

Tradicionalmente, o Ninja não usava o Shinobi Shozoku todo preto porque este se tornaria até mais preto que a escuridão da noite.   
O Ninja verdadeiro tentava misturar-se com seu ambiente tanto quanto possível, usando as roupas que os moradores locais usavam, e muitas vezes em suas missões o Shinobi Shozoku não era usado.

A roupa podia ser verde, azul marinho, azul muito escuro (mais comum), roxo bem forte, bronze (marrom claro), preto da cor do carvão de lenha, marrom em tom alaranjado, amarelo ferrugem, preto ou cinza com tom alaranjado (cinzenta em tom alaranjada) e na neve branca.
  
Há vários tipos de fixadores/aderentes, portanto, era escolhida uma cor apropriada misturava-a junto com o fixadores.  

Também aplicavam levemente tinta à pele, os extratos de plantas, de ervas e cinzas de pinho eram usadas para cobrir o rosto, o pescoço e os dedos expostos. A faixa era da cor do Shonobi Shozoku e não devia ter corte/emendas. Isto é chamado Waobi. É especialmente boa para uma aplicação rápida da faixa.

A maioria dos uniformes eram feitos para serem usados tanto de um lado quanto do outro, ou seja, possuíam duas cores, uma por dentro e uma por fora, para uma mudança de aparência ou para incorporar um tipo diferente de terreno ou uma cor para o dia e outra para a noite.

As cores que usavam dependiam de onde estavam e o que tinham que fazer.
  
É importante compreender que a função preliminar do Ninja era a espionagem e não assassinatos. Treinados, eram muito eficientes nos assassinatos, mas somente se fosse necessário. Eram espiões, não bandidos.

shinobikimonos.com.br
O termo Shinobi No Mono significa, "homem que entra às escondidas e furtivamente" e o termo Ninja significa "pessoa que é secreta, um guerreiro e um espião". Frequentemente, os dois termos podem significar a mesma coisa, mas depende realmente em cima de que função a pessoa que você está falando aproximadamente foi empregada.

O Shinobi Shozoku teve muitas funções, originalmente, foram feitos de pano resistente, não de algodão ou seda.
O algodão não era uma planta nativa encontrada no Japão.

O Obi (faixa) não era o mesmo modelo que se está usando hoje, elas eram mais finas e mais largas e poderia ser usada para conter um inimigo, escalar paredes ou árvores, abafar os sons/rangidos de um assoalho quando colocada para se andar sobre ela e poderia ser como uma compressa ou torniquete ou como bandagem para os ferimentos.

A Tebukuro ou luvas, serviam para esconder o brilho da pele, também serviam para esconder Shuriken e outras coisas a mais, nelas eram às vezes costuradas duas pequenas barras de metal para poderem bloquear ataques de espada com os braços (isso em último caso), uma característica comum de Kumogakure Ryû.

O Uwagi servia para esconder muitas ferramentas ou outros utensílios que o Ninja sentisse necessidade de carregar.
A roupa escura servia também para esconder o sangue de um ferimento, para que o inimigo não descobrisse que estava ferido.

O Uwagi era usado por dentro da calça, para não permitir qualquer coisa cair. O encaixe devia permitir movimentar se confortavelmente durante a luta ou escalada, mas não devem ser frouxos.

O Shinobi-Tantô ou a faca do Ninja eram mantidos dentro do lado esquerdo do Uwagi e não usado na parte externa como as espadas.

A Iga-Bakama, Baku-Hakama ou Kaginagua (as calças), eram envolvidas em torno das panturrilhas e amarradas no joelho e tornozelo. Isto impedia que as barras das calças se tornassem em obstáculos nas missões, prendendo em ramos, rochas ou em qualquer outra coisa. Impediam também que os insetos rastejassem para dentro de suas calças.

As faixas/laços para a cintura eram quatro, duas atrás e duas na frente, os laços dianteiros eram amarrados primeiramente, assim o comprimento mais longo estava na parte dianteira (da frente). As faixas traseiras eram mais curtas e eram amarradas sobre a parte da frente (dianteira). Ambas as faixas eram amarradas juntas em uma formação transversal. Não tenderam a usar os nós quadrados ocidentais a que nós somos acostumados. As calças eram também mais largas na área do quadril e do fundo (entre as pernas) para conceber mais mobilidade.

Dentro da calça, o Ninja podia também esconder coisas, tais como alimento, armas, etc. Frequentemente eram reforçadas nos joelhos.

A Zukin ou a máscara de rosto (também chamadas de Fukumen) consiste geralmente em uma ou duas partes de pano quadrado ou de pano retangular. Uma parte extra-larga de pano servia para muitas funções, como abafar os sons da respiração do Ninja, assim como ocultar sua identidade, era usada também para proteger o Ninja de intoxicação de elementos nocivos durante o fogo ou o combate quando se usava Kemuridama (bomba de fumaça) com veneno, para isso era só molhar a máscara, assim ela agiria como um filtro.

A Tabi ou os calçados usados, agora chamados Jika-Tabi, como as que são usadas pelos trabalhadores no Japão que sobem em andaimes o dia inteiro. Têm uma fenda entre o dedão do pé e os outros, originalmente para usar Waraji ou sandálias de palha, que tiveram um cordão que viesse acima entre os dedos do pé como sandalhas modernas. As verdadeiras Tabi, a sola é de pano e não de borracha como o Jika-Tabi moderno. Eram basicamente calçados usados para proteger os pés do frio, contra ferimentos, etc. O Ninja gostava delas porque eram silenciosas, como meias usadas em um assoalho de madeira. A Tabi não necessitava de meia especial para usar com elas.    

Quando ao ar livre, usavam a Tabi com o Waraji e quando dentro, usavam somente a Tabi. A Waraji tende a fazer barulhos, sons, assim a Waraji era deixada do lado de fora em um lugar escondido e segura, e poderiam ser abandonadas se fosse  necessário. Antigamente, todas as pessoas usavam o Waragi, assim se fossem encontradas, achariam que pertenceriam a qualquer pessoa. Um outro motivo para o uso da fenda/separação do dedo do pé era com a finalidade de escalar.  
Com a fenda o ajuste era melhor e permitia subir a corda mais facilmente.

Quando era necessário os Ninja usavam durante suas missões um Shinobi Shozoku de tons marrom acinzentado ou cinza alaranjado à noite e amarelo ferrugem ou marrom claro (bronze) durante o dia, para assim se assemelhar mais às cores do outono, eles podiam ser usados pelos dois lados.

O Shinobi Shozoku amarelo ferrugem (bronze) ou amarelo com tons amarronzados, usados nas missões durante o dia era puramente para camuflagem ideal para o Ninja que operava dentro de um ambiente de Mori (floresta e madeira).  

NOTA: Outro nome do Shinobi Shozoku era Shinobi Fuku, Fuku significa vestimenta, mas às vezes é usado para denominar a roupa usada pelos Ninja, junto com as armas, às vezes esse nome também era usado para referir-se a roupa usada pelos Ninja de Koga.

草鞋の巻き方
WARAJI NO MAKIHÔ


quinta-feira, 21 de abril de 2011

TERMOS: KOHAI, SENPAI, SENSEI e SHIHAN

先輩 SENPAI

Inúmeros são os intrutores que "amam" usar a palavra "SENPAI" referindo-se aos "Faixas Pretas" ou "estudantes seniores" como tal, mas isso é um grande erro!

Ao falar sobre SENPAI é OBRIGATÓRIO falar na relação:
SENPAI (先輩)
KOHAI (後輩).

SENPAI é um estudante sênior (designado pelo SENSEI) que se torna responsável por um ou mais KOHAI (estudantes) para ensinar-los informações básicas sobre o Ryû (流) ou escola.

Frequentemente esta relação é conhecida "irmão mais velho / irmão mais novo" dentro do Japão tradicional e deveria ser feito de idêntica maneira dentro das escolas de Artes Marciais.

Ou seja, um SENPAI encarregado de um ou mais estudantes específicos e não de uma turma completa.

Naturalmente, este não é o caso das escolas ocidentais onde o SENPAI é conhecido pelos outros alunos, mas nenhum KOHAI respectivo é encontrado ou designado...

Geralmente, SENPAI é dito ser, de forma errada, o estudante sênior diante toda a classe, quando na realidade deveria ser um responsável por um pequeno grupo de alunos dentro de um todo que é a classe.

Assim sendo, lembre-se que "SENPAI" não é um título, SENPAI/KOHAI é uma relação!


先生 SENSEI

Não há termo mais utilizado e, possivelmente, menos entendido do que o termo japonês SENSEI.

A sua utilização indiscriminada com infinitos significados no meio das Artes Marciais ensinadas no ocidente (...antes que alguém pergunte: no Japão os japoneses entendem o significado do termo SENSEI, por isso, a questão é posicionada neste contexto apenas) confere-lhe um estatuto místico-transcendente, elevando o seu "hospedeiro" a um patamar acima dos demais mortais... (Sem que, de fato, este termo mereça tal atenção.)

Mas antes de aventurarmo-nos pelos significados diversos que esta palavra tem erroneamente assumido, vamos compreender efetivamente o que significa este termo e sua real utilização.

Para começar, vamos entender o que significam as partes que compõem a palavra SENSEI.

Quando escrito em japonês, utilizando ideogramas, esta palavra é composta por duas ideias distintas:

先 - SEN (Saki) "antes, à frente, precedente, prévio,..."
生 - SEI (Umareru) "viver, nascer"

Conclui-se que SENSEI literalmente significa "Aquele que nasceu/viveu antes (de mim)" e, consequentemente, implica "ser mais velho".

Contudo, a condição de "ser mais velho" em determinada área de atividade pode ser atingida por meio de educação, conhecimento efetivo sobre determinada matéria, profissão e também por idade (no Japão é extremamente comum referirmo-nos às pessoas mais velhas - devido o respeito que temos por elas - pela designação SENSEI). Neste mesmo contexto, dentro da sociedade japonesa, certas pessoas com estatuto social definido (como médicos, advogados, professores, etc.) frequentemente são chamados de SENSEI... praticamente da mesma forma como são usadas  as expressões "doutor", "engenheiro" e assim por diante.

Isso leva-nos à questão da palavra SENSEI utilizada dentro das Artes Marciais praticadas nos dias de hoje.

Em primeiro lugar, e que isso fique bem claro, se tratando de ser ou não ser SENSEI, ter uma faixa preta, não faz de ninguém um SENSEI, e, por isso, é errado e completamente fora de contexto obrigar os alunos a tratarem os faixas pretas por esta denominação.

Vejamos um exemplo prático: uma pessoa, com uma certa idade, com família para sustentar e que é 2º ou 1º Kyû, ser obrigado a tratar um faixa preta, mais jovem que ele, pela denominação SENSEI é ir muito além do que este termo representa e é uma falha grosseira de etiqueta tradicional japonesa (onde os mais jovens devem respeitar aos mais velhos).

Assim, quem seria um SENSEI dentro das Artes Marciais ensinadas no ocidente?
A denominação SENSEI é, em grande parte, uma medida de comparação entre indivíduos que possuem uma arte em comum e, neste aspecto, define o respeito que ambas têm entre si. O grau de conhecimento da cultura japonesa determina a utilização do termo dentro do círculo restrito de conhecimentos "interno" (independentemente das faixas ou graduações que possuem).

Isto já não é válido para elementos de Artes Marciais diferentes, onde não se pode determinar com precisão o conhecimentos dos outros indivíduos ou sermos capazes de dizer definitivamente se este ou aquele "nasceu antes de (uma outra pessoa)". Assim sendo, o termo SENSEI não pode ser usado neste contexto sob pena de cair no erro de "subestimar" ou "super-estimar" o conhecimento real de determinado indivíduo que provém de fora do círculo de conhecimento interpessoal. (Sem entrar no mérito da questão do fato de um "faixa preta" ter se tornado sinônimo de intrutor...)

Contudo, uma vez que as Artes Marciais Japonesas são um guia de comportamento baseado nos ensinamentos de condutas marciais Japonesas, onde a humildade, simplicidade, retidão e o "não apego ao ego" são fatores determinantes, vêem-se a cada dia que passa um crescente número de indivíduos que se apresentam como "Sensei, XXX-Dan de YYY-Arte". Tal comportamento apenas demonstra a falta de conhecimento por parte destas pessoas no que diz respeito ao significado real desta palavra e vai diretamente contra os ensinamentos básicos de humildade e simplicidade ensinados em qualquer Arte Marcial Japonesa, pois o esforço deve ser feito na compreensão da Arte (seja ela qual for) e não no acúmulo de títulos - por pura vaidade.

Desta forma, um melhor entendimento do termo em questão, uma melhor compreensão de condutas culturais estabelecidas pela prática das Artes Marciais e uma maior reflexão sobre o verdadeiro significado da palavra "humildade" talvez mudassem este panorama caótico do uso da palavra SENSEI.


師範 SHIHAN

O ideograma para "Shihan" é composto por duas partes: Shi (師) que significa "professor", "mestre", ou "pessoa de caráter exemplar", e Han (範), que significa "bom exemplo". Assim, usado de modo tradicional, "Shihan" é um termo de tratamento dirigido a pessoas a quem se vê como um exemplo a ser seguido.

Atualmente tende-se a pensar que a função de um professor é comunicar informações a seus alunos, porém, o uso tradicional do termo "shihan" está ligado a um modelo mais antigo de instrução. Nesse modelo, as pessoas que querem aprender uma atividade ou arte ligam-se a um mestre, a que devem observar e imitar. Desse modo, recebem ensinamentos gerais sobre como conduzir suas vidas bem como ensinamentos mais específicos relacionados à técnica de sua arte. Há (diz-se às vezes) uma "transmissão de coração para coração" da arte do mestre ao aluno – uma transmissão que não pode ser realizada a menos que este esteja em contato direto com o mestre.

Empregado para significar "mestre", o termo "Shihan" é simplesmente uma forma respeitosa de tratamento. Em geral, seria endereçado apenas àqueles com grande conhecimento, habilidade, experiência, e habilidade para ensinar – e ainda somente se tivessem vivido vidas exemplares. Ainda assim seria um erro exigir uma definição precisa desse termo de tratamento, assim como seria um erro perguntar exatamente quantos anos um ceramista teria de exercer a prática antes de ele ou ela poder ser chamado de mestre ceramista.

心技体 SHINGITAI

Era muito comum nos Dojô [道場] antigos de Artes Marciais japonesas haver um quadro na parede onde se podiam ler três caracteres: Shin [心], Gi [技] e Tai [体]. Estes três caracteres representavam as antigas diretivas mestras, ou seja, as características mais importantes que todos os Budokas [武道家] (Artistas Marciais) deveriam esforçar-se em aperfeiçoar:

Shin [心] (Kokoro) - Espírito, alma, coração.  60%
Gi [技] (Waza) - Técnica(s). 30%
Tai [体] (Karada) - Condicionamento físico, manutenção física do corpo. 10%
O Shin-Gi-Tai aplica-se, assim, ao desenvolvimento do Budoka:  
  •  Shin = formação de caráter, domínio do corpo e da mente, filosofia.
  • Gi = técnicas, estratégia, formas de treino e conceitos.
  • Tai = conhecimento interior do corpo, preparação física.

DOJÔ E TATAMI

A maioria das Artes Marciais japonesas modernas é praticada em um Dojô.

O Dojô [道場], Do [道], que significa “caminho” e Jo [場], que significa “um lugar”, é o “lugar do caminho” ou “lugar da iluminação” – é a sala usada para o treinamento das Artes Marciais.

O Dojô (pronuncia-se DÔ-JÔ) é o local onde se treinam Artes Marciais nipônicas. Muito mais do que uma simples área, o Dojô deve ser respeitado como se fosse a casa dos praticantes. Por isso, é comum ver o praticante fazendo uma reverência antes de adentrar, tal como se faz nos lares japoneses.

"Se um homem não demonstra seu valor no Tatami, ninguém é capaz de percebê-la no campo de batalha."
Yamamoto Tsunetomo, Hagakure.

Dentre os maiores e mais tradicionais Dojôs modernos das Artes Marciais do Japão estão a Kodokan (講道館) criado em Tóquio, Japão, por Jigoro Kano, em 1.882, e o Dai Nippon Butoku Kai (DNBK; 大日本武德会), Grande Sociedade das Artes Marciais do Japão, criada em 1.895, em Kyoto, no Japão, sob a autoridade do Ministério da Educação. O objetivo deste último foi o de padronizar as Artes Marciais de todo o país. Esta foi a primeira organização oficial de Artes Marciais sancionada pelo governo do Japão.
Kodokan, entrada do Dojô, 1.882.


Butokukai,1.899.

A prática das Artes Marciais é realizada em um Tatami (畳), que significava originariamente “dobrado e empilhado”. O Tatami tradicional é feito de palha de arroz prensada revestida com esteira de junco e faixa preta lateral. É o piso das áreas secas de uma residência e serve de medida para os cômodos. No Japão, Tatamis eram originalmente um item de luxo quando a maioria das pessoas viviam em locais de chão batido.

O Tatami não tem a dureza do chão liso, por isso protege o Artista Marcial quando este cai durante; entretanto, ao mesmo tempo, não tem a maciez de um colchão - por isso, pode machucar o praticante que cair de mau jeito.

Os moradores da residência e seus visitantes devem tirar seus sapatos, por questões de respeito e higiene.

Cada Dojô tem suas peculiaridades sobre etiquetas e protocolos, mas alguns são fundamentais:

Ao adentrar e ao sair do Dojô e do Tatami, fazer reverência. Quando estiver entrando, a reverência representa seu sentimento de solicitação, de humildade. Quando estiver saindo, representa seu sentimento de gratidão.

Ao início e ao término da prática a dois, fazer uma reverência ao parceiro de treino.

Quando o Sensei estiver dando orientações, permanecer em Seiza (ajoelhado) e após o término, agradecer com uma reverência. Permanecer nessa posição denota humildade para receber os ensinamentos.

Não cruzar os braços ou arregassar as mangas dentro do Dojô. Estas atitudes são sinais de desavença.

Quando estiver no Tatami, não apoiar as costas nas paredes. Essa regra existe tanto pela questão disciplinar, quanto pelos aspectos marciais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

KEIKOGI: ROUPA DE TREINO

Muitas pessoas já ouviram falar em Kimono [着物] e, de fato, é bem comum vermos as pessoas (inclusive alguns instrutores) referir-se ao uniforme das mais diversas Artes Marciais por tal termo que se popularizou. Contudo, não se usa Kimono [着物] nem no Judô, Jiu-Jitsu, nem em nenhuma Arte Marcial, seja ela de origem japonesa ou não.

  • Ki [] - Vestir, usar (roupa);
  • Mono [] - Coisa, objeto.

Kimono (着物) é uma vestimenta tradicional japonesa, usada por mulheres, homens e crianças. A palavra “Kimono” significa “coisa para usar” (Ki = “usar” e Mono = “coisa”). Portanto, é a roupa de uso diário no Japão, assim não é correto nomear a roupa de treino de qualquer Arte Marcial como Kimono.

É certo que os Samurais utilizavam uma vestimenta que lembra o Kimono por baixo  de suas armaduras chamadas de Ô-Yoroi (“Grande Armadura”, 大鎧). Tal roupa era formada pela Shitagi [下着], a parte de cima, que era amarrada com o Obi [], o cinto ou faixa, e a parte de baixo que compreendia a Hakama [], uma saia-calça, tradicionalmente usada por homens. Atualmente é usada por praticantes de algumas Artes Marciais como o Aikido e o Kendo.

Desta forma, é correto chamar o uniforme ou roupa de treino das Artes Marciais de origem japonesa de Keikogi (稽古着 ou 稽古衣Keikogui) que significa "uniforme de treinamento" (Keiko = treinamento, prática; Gi = roupa). Sendo um uniforme para prática de Artes Marciais, não consiste de Kimono, mas sim, de uma vestimenta específica para cada modalidade. A palavra "Keikogi" é erroneamente substituída somente por "Gi", essa substituição é errada por que "Gi" não apresenta o mesmo significado. Uma substituição correta seria "Dogi" que significa "o uniforme usado no caminho" da Arte Marcial de sua escolha pois se você colocar o nome da Arte Marcial no lugar de "Do", você obtém exatamente o significado de Dogi (Judô-Gi, Karatê-Gi).

  • Aikidogi (合気道着 ou 合気道衣, de Aikido) normalmente usa-se uma Hakamá.
  • Judogi (柔道着 ou , de Judô)
  • Jujutsugi (柔術着 ou 柔術衣, de Ju-Jutsu)
  • Jiujitsugi (柔術着 ou 柔術衣, de Brazilian Jiu-Jitsu)
  • Karategi (空手着 ou 空手衣, de Karatê)
  • Kendogi (剣道着 ou 剣道衣, de Kendô), normalmente usa-se uma Hakamá.

Assim, para as Artes Marciais específicas existem roupas específicas, ou seja, praticantes praticantes de Judô [柔道] usam Judogi [柔道衣], os de Brazilian Jiu-Jitsu usam Jiujitsugi [柔術着], etc... Gi [] - neste caso significa "roupa".

De uma forma geral e abrangente podemos chamar o uniforme de Keikogi [稽古衣] ou Dogi [道衣].
A expressão Keikogi [稽古衣] sendo:
  • Keiko [稽古] - Prática, treino;
  • Gi [] - Roupa.

A expressão Dôgi [道衣] ou Dôgi [動衣], dependendo do Kanji [漢字] utilizado, pode ser traduzido de duas maneiras diferentes:

  • Dôgi [道衣] - Roupa do caminho, da via;
  • Dôgi [動衣] - Roupa de movimento, roupa de treino.


O Keikogi ou Dogi divide-se, de uma forma geral, em três partes:

  • Uwagi [上着] - Parte de cima, casaco;
  • Shitabaki [下履] - Parte de baixo, calças;
  • Obi [] – Cinto, faixa.

Outras partes que compõe o uniforme para o treino são a Eri [襟] = gola, Naka-Eri = Meio da gola, Oku-Eri = Fundo da gola, Ushi-Eri = Atrás da gola, Sode [] = manga, Sodeguchi = abertura da manga, Shita = parte de baixo do Uwagi, Himô = Fio (Shitabaki); ainda há a Zori = Sandálias de palha e a Geta = Sandálias de madeira (deve-se usá-las ao sair do Dojô a fim de não entrar no Tatame com os pés sujos).

Sabe-se que a partir de 1.886, os Yûdansha [有段者] ("Aquele que tem nível e grau") começaram a usar "cintas" pretas com Kimono [着物], pois nesta época ainda não existia o Keikogi [稽古衣] ou Judogi [柔道衣]. Foi em 1.915 que o Keikogi ou Judogi branco tradicional foi introduzido por Jigoro Kano em seu Dojô; em seguida, o Keikogi passou a ser usado pelas outras Artes Marciais.

Keikogi branco, imaculado, representa a nossa mente que deve estar limpa, pura. O branco reflete todas as cores. Essa cor indica que o seu portador ainda possui a ingenuidade e deve procurar a purificação e transformação, diante do infinito. É a cor síntese do arco-íris, associada ao sagrado, pois simboliza paz, pureza, perfeição. Assim como uma tela em branco esperando para ser pintada.

Entre os samurais, o branco era um símbolo de pureza e morte. Os samurais utilizavam o branco sob a armadura para demonstrar que estavam dispostos a morrer no campo de batalha.

Em competições e demonstrações de algumas Artes Marciais, os lutadores podem usar uniformes diferentes, de cor azul, vermelho ou preto, apenas com a finalidade de se diferenciar mais facilmente os movimentos de quem aplica (Tori) e de quem recebe (Uke) a técnica; em alguns casos, utiliza-se uma faixa de cor diferenciada da dos competidores, quando ambos estão com um Keikogi de mesma cor.

Faixa corresponde ao nosso caráter (ela nos envolve de responsabilidade); o nó é o nosso respeito, nosso compromisso (por isto, nunca devemos desamarrar nossas faixas em frente aos mestres).


Amarrar a Obi (faixa) - Dobrar o Keikogi

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